Tenho recebido muitos e-mails e ligações solicitando informações ou questionando sobre a vacina anti influenza H1N1. Alguns comentam sobre um email maluco que está rodando o mundo, dizendo que a vacinação em massa é uma tentativa de genocídio. Outros, afirmam que a vacina conteria substâncias que poderiam causar efeitos colaterais sérios. Questiona-se ainda a política de lucro da indústria produtora de vacinas.
A história da medicina e da humanidade é rica em exemplos de movimentos anti-vacinas, envolvendo médicos, profissionais de saúde, grupos religiosos, praticantes de medicina alternativa, grupos de mães, entre outros. O surgimento das vacinas, entretanto, é uma das maiores invenções da humanidade no quesito saúde (a meu ver), já que previne doenças e óbitos, principalmente em crianças. A erradicação da paralisia infantil e da varíola são grandes exemplos disso.
Em 1997, a vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e cachumba) foi acusada de provocar autismo, com queda nas aplicações e aumento de casos graves de sarampo. Nesse ano houve uma epidemia de sarampo nos estados de SP e RJ, com mais de 50.000 casos. A vacinação foi então intensificada e o último caso registrado de doença autóctone (nao relacionada a casos importados) foi em novembro de 2000 no Mato Grosso do Sul.
Após uma década de acusasões, cientistas americanos confirmaram que não há relação entre o autismo e a vacina combinada contra o sarampo, a rubéola e a caxumba, desmentindo assim a pesquisa de 1997.
Hoje, os ataques se dirigem à vacina contra influenza H1N1.
Longe de querer convencer alguém a tomar a vacina, gostaria de fazer algumas considerações: efeito colateral toda vacina pode ter. Mas a doença também tem "efeitos colaterais graves". A experiência da pandemia anterior da Gripe A mostrou claramente a gravidade do comprometimento pulmonar, acometendo crianças, adultos jovens, gestantes, com alto índice de hospitalizações, casos graves e mortes.
A sociedade não pode se deixar levar por opiniões inconsistentes e deve procurar informações junto a instituições confiáveis, como a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da Saúde, e Associações Médicas de cada localidade.
A vacinação não é obrigatória e cada pessoa, ou no caso das crianças, cada pai/mãe pode optar por fazer ou não a vacina. Eu estou aguardando a chegada da vacina nas clínicas particulares para vacinar meus filhos (que não são contemplados pelo programa do governo). Na minha opinião, a gripe A (H1N1) merece ser prevenida, tanto pela vacinação, quanto pela adoção das medidas profiláticas já comentadas neste blog.
Para quem decidir em prol da vacina, aqui vai um lembrete do calendário:
De hoje (5/abril/2010) a 23/abril: adultos saudáveis entre 20 e 29 anos.
De 24/abril a 7/maio: idosos (a partir de 60 anos) com doença crônica.
De 10 a 21/maio: adultos saudáveis entre 30 e 39 anos.
Os portadores das seguintes doenças crônicas receberão a vacina:
• Obesidade grau 3 - antiga obesidade mórbida (crianças, adolescentes e adultos);
• Doenças respiratórias crônicas desde a infância (exemplos: fibrose cística, displasia broncopulmonar);
• Asmáticos (formas graves);
• Doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças crônicas com insuficiência respiratória;
• Doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória (exemplo: distrofia neuromuscular);
• Imunodeprimidos (exemplos: pacientes em tratamento para aids e câncer ou portadores de doenças que debilitam o sistema imunológico);
• Diabetes mellitus;
• Doença hepática, renal e hematológica;
• Pacientes menores de 18 anos com terapêutica contínua com salicilatos (exemplos: doença reumática autoimune, doença de Kawasaki);
• Portadores da Síndrome Clínica de Insuficiência Cardíaca;
• Portadores de cardiopatia estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica (exemplos: hipertensão arterial pulmonar, valvulopatias, cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular).
Por último e não menos importante: pessoas alérgicas a ovo e ao timerosal não podem receber a vacina.
Tenham uma ótima semana! Dra. Ilana.